Claudio Picazzio responde a dúvidas de leitores sobre sexualidade
O pscicólogo Claudio Picazzio é especialista em sexualidade humana e consultor das revistas H Magazine e JUNIOR, além do Mix Brasil. Aos leitores da revista H, Claudio vem respondendo a perguntas relativas à sexualidade. Confira abaixo. E se quiser enviar sua pergunta para o Claudio, o e-mail dele é cmsp@uol.com.brNamoro há três anos e mantemos uma vida sexual satisfatória. O problema é que eu tenho tido umas fantasias muito fortes, que aparecem em sonhos, de fazer sexo grupal em lugares públicos. Tenho receio de dividir isso com ele. Será uma fantasia passageira?
EC, São Paulo
Não sei te dizer se é passageira ou não, mas fantasias são fantasias, na nossa mente, somos capazes de controlar todas as variáveis que podem existir. Sexo grupal pode ser muito bom ou muito ruim, assim como o risco de fazer sexo em lugares públicos, que além de tudo é crime! Na fantasia, por exemplo, fazer sexo numa praia deserta à beira mar pode ser lindo e romântico, mas na prática é incômodo, a areia atrapalha, machuca! Num sexo grupal você pode imaginar todos os corpos lindos e um prazer enorme, mas na prática tudo isso pode ser frustrante e perigoso. Agora me permito te dar um toque, há algo de exibicionista nas suas fantasias, o que a grosso modo poderia estar demonstrando um desejo de ser reconhecido, de ser admirado, de ser desejado por todos, um desejo de ser um star. Pense nisso!
Tenho 38 anos e no ano passado contratei um garoto de programa pela primeira vez na vida. O sexo foi ótimo. Mas depois disso perdi o interesse pelo sexo com outros homens gays. É como se eu tivesse ficado dependente de sexo pago. Isso existe?
MS, São Paulo
Claro que existe!!! O sexo pago pode trazer algumas “vantagens”. Não há uma preocupação com seu desempenho, com o que o outro vai pensar ou sentir sobre você, não há uma preocupação com o outro, coisa que numa relação afetiva aparece. É um sexo com o tipo físico e características de preferências sexuais já definidas e claras. É muito difícil você se sentir rejeitado. O bom profissional do sexo vai fazer você se sentir único e desejado e vai estar lá somente para que você desfrute do seu prazer. Já numa relação com outro homem, preocupações podem aparecer, há o medo da rejeição e também uma aceitação de preferências na prática sexual. Terá que ter um acordo de prazer sem preocupações ou medos. De certa forma, no sexo com um profissional voce terá um momento” egoísta”, já numa relação a dois você terá que prestar atenção no outro. Com um profissional você vira o único. Com outro homem ele também gostará que você o perceba e seja satisfatório para ele. Além disso, temos a questão do dinheiro, que estabelece uma relação de poder – este pode ser um outro motivo que lhe atrai.Você paga e o outro obedece, satisfaz, e não se cria um vínculo. Outro problema muito comum é se apaixonar por um GP, na esperança de que ele te complete sempre. Muitas pessoas que se relacionam exclusivamente com GPs podem estar com uma estima baixa. Desejam eroticamente um tipo de homem que não conseguiriam conquistar e/ou não teriam coragem de assumir como namorado – por exemplo, um homem mais jovem, um tipo mais rude ou pertencente a outra etnia. Pense um pouco como está a sua satisfação emocional, se você tem desejo de ser amado, de ter um vínculo afetivo, se está se sentindo suficientemente bom para satisfazer alguém ou dar algo para alguém.
Fui casado com uma mulher por oito anos. Aos 29 anos conheci o Marcos, por quem me apaixonei. Foi meu primeiro homem. Fui feliz com ele por três anos, ainda estamos juntos, mas estou cada vez mais interessado em experimentar outros corpos, outros homens. Me sinto um adolescente querendo descobrir o mundo aos 32 anos. É normal?
CS, Rio de Janeiro
É comum. Você mesmo escreve que foi feliz com Marcos... O motivo da infelicidade será o desejo de conhecer outros homens sexualmente ou a relação afetiva já não está tão satisfatória? Você escreve que gostaria de conhecer outros corpos: serão só os corpos ou há um desejo de uma nova paixão? O amor geralmente é monogâmico, a atração e o desejo erótico são poligâmicos. Ou seja, sentimos e sentiremos excitação e desejo por várias pessoas na nossa vida, mesmo estando num vínculo amoroso. Todos nós temos que fazer escolhas na vida, toda opção implica em perdas e ganhos. Veja se vale a pena, tente estabelecer novas regras na sua relação afetiva. Talvez valha uma conversa clara e aberta com seu parceiro. Sorte!
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