segunda-feira, 7 de novembro de 2011

DiCaprio vive diretor gay do FBI em filme de Eastwood e irrita Washington

J. Edgar Hoover, diretor do FBI entre 1935 e 1972, foi um tipo duro em uma época em que apenas tipos duros governavam Washington. Sob seu comando, o corpo da polícia judiciária dos Estados Unidos fechou o cerco contra gangsters, mafiosos, comunistas e líderes da luta pelos direitos civis. Ele mesmo moldou o que se conhece por FBI e acabou transformando o bureau na mais eficiente arma de governo para impor orderm e fazer cumprir a lei. Seu único lema era “mão dura”. Agora, outro tipo duro, Clint Eastwood (81), está levando a sua história de vida para as telonas e está conquistando inimigos nos mais altos escalões da capital federal norte-americana. Tudo porque o diretor decidiu pintar esse mítico personagem com todas as suas cores, inclusive escancarando a homossexualidade de Hoover.

Não que este tenha sido o segredo mais bem guardado de Washington. Hoover nunca se casou, vivia só. Todas as manhãs, ele passava pelos escritórios do FBI, sempre em sua limusine, despachando ao lado do seu diretor-adjunto, Clyde Tolson. Almoçavam juntos no hotel Mayflower. No verão, viajavam juntos para San Diego. Passavam o réveillon sempre em Nova York, também juntos. No inverno, escapavam de férias para Miami. Quando Hoover morreu, em maio de 1972, deixou a Tolson mais da metade de sua fortuna – estimada em US$ 425 mil. Ele morreu três anos depois.

Por enquanto, Eastwood não tem falado muito sobre o filme. J. Edgar, que estreia nos Estados Unidos no dia 9 de novembro, é baseado em roteiro assinado pelo roteirista e ativista gay Dustin Lance Black (37), que faturou o Oscar por Milk – A Voz da Igualdade. Hoover é interpretado por Leonardo DiCaprio (36) e Tolson é vivido por Armie Hammer (25), de A Rede Social. No trailler, é possível ver DiCaprio como um personagem atormentado, que reverencia sua mãe e depende excessivamente de Tolson. “Preciso de você”, confessa o personagem em um momento. Em outro, acaricia a mão do diretor-adjunto, dentro de sua limusine. “Ele era tão discreto em sua vida privada como na vida pública. Confiava somente em círculo muito pequeno e restrito”, explica a Warner Brothers no release para divulgação do filme.

No princípio, saber que Eastwood estava rodando um filme sobre o mítico Hoover era algo muito bem aceito pelo FBI. No entanto, depois da divugação do trailler, parece que o Bureau não está nada satisfeito com a produção. Em duas ocasiões, o diretor-adjunto do FBI, Mike Kortan, se reuniu com Eastwood e fez questão de qualificar a suposta homossexualidade de Hoover como invenção e apenas um rumor.

Outro que está protestando contra o filme de Eastwood é William Branon, ex-agente do FBI e vice-presidente da Fundação J. Edgar Hoover, que enviou uma carta de protesto ao diretor em abril. “Nosso apoio entusiasta ao filme não resistiu às declarações de Dustin Lance Black, que assegura que o longametragem retratará uma relação homossexual entre Hoover e seu assistente, Clyde Tolson”, escreveu. “Não há base real para esse tipo de caracterização do senhor Hoover. Proceder com esse tipo de trabalho, com base em falácias, será uma injustiça monumental”.

Eastwood respondeu, também por carta, assegurando que o filme “não dá crédito às alegações de que Hoover se travestia e nem tenta retratar uma relação abertamente homossexual entre Hoover e Clyde”. Por enquanto, nenhum coletivo de ativistas reagiu contra a Fundação J. Edgar Hoover, por ela considerar ofensivo qualificar Hoover como homossexual.


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